sexta-feira, 2 de outubro de 2015

LEOA, CLAVÍCULA




















Jovem negra pinta de azul-violeta as pontas dos mamilos.
Há jaguares
sob as unhas.
Mímica
de esfinge
nos pulsos.
Núbia voz animal raio-de-pedra golpeia nudez janaína
reflexo de híbrida
orquídea
ou seio-
noite-
flor-
que incandesce.
(Três colares
de relva;
riscos
gravados
na rocha,
sortilégio.)
(Pintura: mascar o carvão leonino da desértica
epiderme,
ruminando
arenoso
até cantar
a clavícula.)

Claudio Daniel, 2003.

Imagem: Uwe Ommer.

(Poema publicado no livro Figuras metálicas. São Paulo: Perspectiva, 2004.)

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