segunda-feira, 13 de julho de 2015

POEMAS DE ROBERT CREELEY

 


DE NOVO

Outro dia ido, 
adiado, achado na 
forma de dias.
Teve início, teve 
fim - foi adian- 
tado, atrasado,
lento, logo um 
sol brilhou, nuvens, 
fiquei flutuando no ar
um tempo com outras, 
então desci 
de novo ao chão.  
Lua alguma. Quarto de 
espelunca - começar 
de novo.


NOVO MUNDO

Terra edênica, adâmico ser - 
Estupidez o preço que você vai pagar 
Por esse inútil saber.


ESPELHO

Ver é crer. 
O que foi pensado ou dito,

essas mortes persistentes, inexoráveis, 
fazem fé assim ausente,  

nossa humanidade uma pergunta, 
um nojo pelo que somos.

Seja que esperança for, 
está perdida aqui.

Por termos cobiçado nossa diferença,
eis o preço.


DEPOIS DE PASTERNAK  

Acha tudo uma coisa só? 
Pancada de neve, porta 
do carro fechada, o sol brilhante, 
paciente -
Quantos milhões de anos 
para chegar e estar 
aqui uma só vez - 
nunca voltando -
Ah, triste margem de perspectiva - 
janela exausta no passado - 
agora, o que quer que viva 
já não pode durar.


VIDA

Para Basil

Claridade intensiva, específica, 
como nada mais 
que não seja 
ela mesma -
isso ecoa assim, 
vista, sentida, ouvida, 
ou saboreada, uma só 
e muitas. Mas
meu punho golpeia 
a porta, pedido 
escasso, contrita entrada 
quer mais.


NATUREZA MORTA

Ainda 
viva. Só 
não anda.

*

Traduções: Rodrigo Garcia Lopes


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