terça-feira, 26 de junho de 2012

UM POEMA DE DANÍIL IVANOVITCH KHARMS



ANOTAÇÃO Nº 10 NO CADERNO AZUL

Havia um cara ruivo que não tinha nem olhos, nem orelhas. 
Nem tinha cabelos, portanto, chamá-lo de ruivo é uma coisa teórica.
Não podia falar, pois não tinha boca. E nem tinha nariz.
Não tinha braços nem pernas. Não tinha barriga, e muito menos costas;
não tinha espinha e nem qualquer tipo de entranhas.
Não tinha nada de nada!
Portanto, não há nem como saber de quem nós estamos falando.
Na verdade, é melhor que a gente nem diga mais nada sobre ele.

Tradução: Lauro Machado Coelho


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