quinta-feira, 19 de abril de 2012

UM POEMA DE MARCELI ANDRESA BECKER

morrer é o mais pornográfico.

rolos e rolos de


papel-filme,


(sob a tela o pontilhado cru

das sobrecoxas).


o sexo, a pele,

porque


perfurá-la.


filmar entranhas que se

consomem.


zoom, zoom,

"mais perto!",


cantam as putas,

obsessiva,


desesperadamente,

por dentro


do motor das suas barrigas.


noite, o sobe e desce prodigioso

dos pistões.


noite, a graxa menstrual.


cruzamo-nos: tantos viadutos,

uma esteira de


aviário


ao estilo niemeyer.

o sonho


de levantar voo, mas o peso,

mas a crista,


mas o tempo guilhotínico.

setor de cortes.


porque a morte é a pornografia

irreversível.


o sexo, a sexautópsia

appeal.


porque os pés-

(um fetiche)


de-galinha do rosto dos mortos,

os boeings


noturnos, aerocloacais,

uma esteira


cujas malas são os ovos zi-

góticos


das putas.


(seus mil e um abortos):

setor de frios.

(Leiam mais poemas da autora na Zunái, em http://www.revistazunai.com/poemas/marceli_andresa_becker1.htm)

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