quarta-feira, 28 de março de 2012

UM POEMA DE PAUL ÉLUARD

DIZ-SE DO AMOR


I

Nosso silêncio faz calar a tempestade
Acalmará a folhagem profunda

Carrego duas mãos abandonadas


II

O barco naufragava para sempre na bruma

Longe longe diz o ódio
Perto perto diz o amor


III

Os olhos de um ar vivo soberano inocente
Os seios leves ela ria de tudo

E o mar dispersou a areia de seu trono.

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Diz-se da forma do amor

I

O sol duro como uma pedra
Razão compacta vinha feroz

E o espaço cruel é um muro que me encerra


II

Neste deserto que me habitava que me vestia

Ela me beijou e ao me beijar
Ela me ordenou que eu visse e escutasse.


III

Com beijos e palavras
Sua boca seguiu o caminho de seus olhos

Ali havia vivos mortos e vivos.


Tradução: Maria Elvira Braga Lopes e Gilson Maurity.

(Do livro Últimos poemas de amor, de Paul Éluard.)

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