domingo, 4 de dezembro de 2011

ESQUELETOS DO NUNCA (IX)



REVOLUÇÃO

I

A revolução começa pelo escaravelho, nuvem de parietais que dizem a lavoura obsessiva dos cutelos.


II

Excessiva porque necessária, investe mamífero mamífero ante o lacerado pêlo púbico, molusco esse desprezo que se faz habitação.

III

A mobilidade das estruturas aquáticas desorienta solidez de partículas, numerações de língua desentranhadas até o ignorado.

IV

A revolução cresce nas axilas, nos limbos, ramagens, estudos para voz: é o seu destino inexoráavel.

V

Antiesquelética nebulosa, redefine o tempo e suas cavilações no jogo combinatório dos contrários.

VI

Estes são os meus instrumentos (confesso), minhas paisagens estratégicas para violar tuas orelhas, tuas cavidades, que se recusaram à minuciosa cabala de meu olhar (encanta-me tua letra, esqueleto do meu canto, voz que acende estranhos cães).

VII

A revolução está na língua, que incita ao asbesto da orgia, à mais temporária das peles, quando vemos pégasos de outro sonho e nossa incapacidade de laçá-los.

(Num hotel em Santo Domingo, 2011)

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