domingo, 10 de abril de 2011

POEMAS DE TRISTAN TZARA

PRELIMINAR

cabelos desfeitos sentem a nuvem de sangue
do teu sangue frágil
lenta ao presságio do amor
lenta
pelas veias rumo à vibração hospitaleira
do teu sangue
lenta
febre frágil hipótese sem amor
dorme sem pálpebras os pés de lado
sobre a escala das costelas a tosse
balbucia sua pequena repetição aritmética


EU ESTOU IMPREGNADO

eu estou impregnado da tua presença
eu me formo em tudo e me transformo
eu me banho no perfume sedentário de teus vinhos
mas mil cabras oscilam no vazio
e se penduram nas paredes do teu canto
quando se levanta a aurora da tua voz
já não há mais a noite pois tudo é consciência
e fervor cintilante
é através de ti que as árvores florescem
e a primavera já desperta tremendo do frio
que passou
todo esquecimento se enraiza no teu riso
fronte erguida eu penetro na floresta estremecida
da tua alegria


AS JANELAS SE ABRIAM

as janelas se abriam sobre uma erva de sonho
confundidas entre os cursos da água
no calor dos tijolos selvagens
encharcavam no vinho
os espessos triunfos de poentes partidos
em breve a dor já não estará viva
e o último luar ceifará e sua emoção
e a dura amizade que uma mola em tensão
ligava à sua sombra - eu era apenas sua sombra-


VIA

qual é este caminho que nos separa
através do qual eu retenho a mão do pensamento
uma flor está escrita ao final de cada dedo
e o final do caminho é uma flor que caminha contigo


* * * * *

na escapada
o mundo
um chapéu com flores
o mundo
um anel feito por uma flor
uma flor flor para o buquê de flores flores
uma cigarreira repleta de flores
uma pequena locomotiva com olhos de flores
um par de luvas para as flores
na pele de flores como nossas flores flores de flores
e um ovo

Traduções : Virna Teixeira

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