terça-feira, 13 de outubro de 2009

POETAS DE MACAU (V)

IMUNIDADE

Antes
amar era um risco
tal como a seiva venenosa do oloendro
ao tocar na ponta de um dedo
se uma pequena ferida tivesse
poderia matar a vida

Hoje
amar é um hábito
tal como o mestre que provou mil ervas medicinais
é capaz de resistir aos efeitos venenosos
Com esta imunidade
amar já é uma aventura com antídoto

(Poema de Yi Ling, traduzido por Yao Jingming)


CASA DE PENHOR

Um morcego voa
e apanha uma moeda de cobre
conduz os miseráveis para dentro da porta
O condutor é cego

Logo que um miserável entra
esconde-se por detrás do biombo
Até os seus objetos
embrulhados em folhas de um jornal já lido
são de vergonha

Entre o biombo de madeira e o balcão
entre os objetos e o recibo de penhor
os miseráveis ficam mais miseráveis

A quem interessa
outro biombo que oculte a sociedade?

(Poema de Han Mu, traduzido por Yao Jingming)

5 comentários:

  1. ótimos poemas e bela galeria de imagens do mestre jodorow. são poetas coantemporâneos ou antigos?
    abraços Danilo -

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  2. Caro Danilo, são poetas da segunda metade do século XX, grato pelo comentário. Abraço do

    CD

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  3. estarei sempore por aqui- e vou ler mais a fundso os poetas chineses... abraçso danilo

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  4. Interessantes os dois poemas. Obrigado por postá-los.

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  5. Caros, os poemas da série de Macau que estou publicando aqui foram extraídos de um livro organizado por Jorge Arrimar e Yao Jingming, chamado "Antologia de Poetas de Macau", publicado nessa província chinesa em 1999 e praticamente impossível de se obter (consegui um exemplar porque o Jorge Arrimar me enviou pelo correio). Estou tramando uma outra antologia macauense, para sair no Brasil, aguardem notícias a respeito.

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